Visitar Loulé

14-07-2014 10:14

Visitar Loulé

As evocadoras ameias de um castelo medievo. 0 dédalo de ruas estreitas e brancas onde artesãos mantêm velhas tradições. As linhas verticais do minarete de uma antiga mesquita. Os horizontes amplos de um venerado santuário no topo de uma colina. Aspectos de Loulé, cidade de contrastes e encantos.

Castelo
Ocupando um canto saliente da colina onde se ergueu a primitiva povoação, integrava o conjunto de muralhas, com cerca de 940 m de perímetro, que a defendiam. Origem possivelmente anterior à reconquista cristã (séc. XIII).
Três torres, um torreão e parte das muralhas com caminho de ronda definem a estrutura defensiva. No seu interior, a alcaidaria – local de residência do alcaide – que, com possível origem no séc. XIV, sofreu remodelação no séc. XVIII. A alcaidaria recebeu a visita dos reis D. Pedro I, em 1359, D. Afonso V, em 1458, após a conquista da praça norte-africana de Alcácer Ceguer, e D. Sebastião, em 1573. No pátio do castelo, um poço, algumas pedras medievais e o arco da antiga porta de ligação à povoação.
 
Muralhas de defesa 
Duas torres e alguns panos de muro por entre as habitações é tudo o que resta das muralhas medievais.

Igreja Matriz de São Clemente
Construída provavelmente no local de antiga mesquita. Edifício do terceiro quartel do séc. XIII, integra-se, segundo os especialistas, no estilo gótico meridional. Sofreu alterações posteriores, sobretudo nos sécs. XVI e XVIII.
Fachada com pórtico ogival envolvido por gablete e um óculo. Porta lateral gótica. Torre sineira proveniente da adaptação de um minarete muçulmano – local de chamada dos fiéis à oração –, com decoração terminal barroca.
No interior da torre, junto à porta, está encaixada uma coluna antiga, de origem desconhecida.
Interior de três naves, de arcos ogivais assentes sobre capitéis com folhagem que, pela decoração, são possivelmente obra de artistas muçulmanos. As colunas com diferentes alturas parecem ser aproveitamento de materiais romanos ou árabes. Altar-mor com retábulo de talha dourada do séc. XVIII e imagens do mesmo período.   Entre as capelas laterais, três merecem referência especial. Em primeiro lugar, a de Nossa Senhora da Consolação com arco e tecto em abóbada manuelinos (séc. XVI), revestida com azulejos historiados e retábulo em talha do séc. XVIII. Seguidamente, a capela de São Brás com um arco do séc. XVI, retábulo de talha policroma do séc. XVIII e uma valiosa imagem do patrono, do séc. XVI. A terminar, a Capela das Almas, do final do séc. XVI, que para além de um bonito retábulo de talha do séc. XVIII, tem as paredes revestidas com azulejos policromos muito raros do séc. XVII, provavelmente de fabricação espanhola.
Outros retábulos de talha dourada do séc. XVIII e um valioso núcleo de imagens dos sécs. XVII e XVIII, que inclui um São Crispim pertencente à Confraria dos Sapateiros, ofício tradicional dos descendentes dos árabes, e as Nossas Senhoras da Graça e do Carmo, de boa escultura, completam o património da igreja matriz.
A sacristia guarda paramentos e algumas peças de ourivesaria dos sécs. XVI, XVII e XVIII e tem, no meio, uma interessante mesa em mármore.

Igreja da Misericórdia
Edifício do séc. XVI, com um portal manuelino de tipo radiado, com calabres, fechado por dois pináculos torcidos e acogulados. Frente ao pórtico, um cruzeiro do mesmo período com as imagens de Cristo e de Nossa Senhora. 0 retábulo de talha da capela-mor é um trabalho singelo do séc. XVIII, mas contém duas imagens do séc. XVI, uma delas em alabastro proveniente do antigo Convento da Graça.
 
Igreja da Ordem Terceira de São Francisco 
Exteriormente de pouco valor arquitectónico. No retábulo de talha dourada do altar-mor (séc. XVIII), de bom lavor, destaca-se o sacrário composto por um pelicano, de grande efeito decorativo. 
 
Ermida de Nossa Senhora da Conceição 
Edifício da segunda metade do séc. XVII, de exterior singelo, no lugar de um oratório do séc. XVI, adossado a uma das portas das muralhas. 0 seu interior contém, porém, um valioso revestimento de azulejos representando cenas da vida da Virgem e um rico retábulo de talha dourada. No tecto, um painel representando a Virgem, obra do pintor algarvio Rasquinho (séc. XIX). As imagens são, igualmente, bons exemplos da escultura religiosa do período.

Convento do Espírito Santo
Edifício do séc. XVII/XVIII, sofreu grandes estragos com o terramoto de 1755. Expropriado no séc. XIX, foi recentemente adaptado a espaço cultural contendo a Galeria de Arte Municipal.

Museu Municipal
Instalado no edifício da antiga alcaidaria, no castelo. A sua colecção abrange a arqueologia industrial do concelho.
A alcaidaria contém, igualmente, o Arquivo Histórico Municipal e uma cozinha tradicional algarvia.

Ermida de Nossa Senhora da Piedade (Mãe Soberana)
Localizada sobre um outeiro, é um magnífico miradouro da cidade, dos campos em redor e do mar.
A actual ermida, do séc. XVIII, ergue-se no local de edifício mais antigo. Estrutura arquitectónica singela. Altar-mor com retábulo de talha do séc. XVIII. A imagem da padroeira, de expressão dramática, é do séc. XVII. Numa das paredes, uma cruz em azulejo, com figuração do séc. XVIII.
A multissecular devoção à Mãe Soberana, que abrange Loulé e um vasto círculo do Algarve, tem o seu ponto máximo no segundo domingo após a Páscoa, em que o seu andor é levado por um grupo de homens, em passo de corrida, pelo íngreme caminho de acesso.
Junto à ermita existe também um santuário.

Convento da Graça
Do antigo convento apenas resta o portal gótico da igreja, com capitéis de decoração vegetal. No gablete mutilado, uma estrela formada por dois triângulos cruzados, símbolo ainda não decifrado.

Centro Histórico
0 quadrilátero irregular da muralha medieval guarda muito do ambiente de outros tempos. Convite para um passeio por ruas sinuosas e estreitas, descobrindo aqui uma casa encantadora, ali a surpresa de um jardim, acolá uma ermida junto a uma antiga porta.
Importa também percorrer a parte da cidade que rodeia as muralhas, onde ainda se descobrem artesãos no seu labor secular, recantos como pitoresco da Rua dos Arcos ou da fonte da Bica Velha, tão procurada em tempos idos pelas mulheres e aguadeiros.
Não acaba aqui a visita a Loulé. Falta penetrar no mercado, ao gosto árabe do início do séc. XX, com o seu colorido e bulício. Visitar as muitas ermidas que guardam tesouros de arte. Percorrer a Praça da República e outras ruas onde os burgueses ostentavam a sua riqueza numa arquitectura fantasista.

As Minas De Sal Gema De Loulé
Dos muitos quilómetros de galerias que se estendem sob Loulé, entre os 230 e 270 metros de profundidade, é extraído sal-gema de grande pureza (teor superior a 90%). Uma curiosidade de Loulé que, por enquanto, não é atractivo turístico.

Convento de Sto. António
Localizado à saída para Boliqueime, do convento foi restaurada uma parte. Abre ocasionalmente com exposições.

 

Núcleo Museológico dos Frutos Secos
Possui antigas máquinas de partir amêndoa, de triturar alfarroba e outros objectos relacionados com esta actividade.